Por Clarice Muniz, Publicado em 03/10/2023
O café faz bem ou mal para a saúde? De que forma o consumo
exagerado de café pode afetar o organismo? Essas são dúvidas bastante comuns
diante de tantas informações relacionadas à cafeína e mais substâncias
presentes na bebida. Até o efeito laxante causa uma certa comoção entre as
pessoas que sentem a necessidade de fazer cocô logo após tomar café. Ou ainda
se beber café em jejum pode trazer prejuízos para a saúde. E uma novidade sobre
a bebida está repercutindo pelo mundo: um estudo realizado no Japão associa o
café à perda de memória relacionada à idade. Confira mais detalhes sobre essa
pesquisa.
Relação do café com a demência e capacidades cognitivas
O café tem se mostrado um elemento poderoso em estudos
relacionados à melhora da cognição e memória. Um estudo japonês está se
destacado ao revelar os benefícios cerebrais da bebida e promete importantes
avanços no tratamento do declínio cognitivo. Ou seja, uma das mais relevantes
apostas para desacelerar a perda de memória e manter a capacidade de
aprendizado pode estar dentro da sua xícara de café! Os primeiros resultados de
pesquisa, que se mostraram bastante promissores, foram publicados na revista
GeroScience.
Como se chegou às primeiras conclusões promissoras
Pesquisadores da Universidade de Tsukuba, no Japão,
administraram um composto bioativo do café, chamado trigonelina (TG), em
camundongos idosos por 30 dias. Após um mês de suplementação, os animais
passaram por testes comportamentais para medir os níveis de déficits de
aprendizagem e sintomas de perda de memória. Entre os camundongos que receberam
as doses de TG, percebeu-se uma melhora significativa na capacidade de
aprendizado e no desempenho da memória.
Outros efeitos no cérebro após testes com o composto do
café
A maioria das atividades relacionadas à memória se
concentram na região do hipocampo (tanto para os roedores quanto para os
humanos). Desta forma, os pesquisadores investigaram se a suplementação causou
alguma mudança química ou física nessa região do cérebro. Eles perceberam
mudanças benéficas nas vias de sinalização relacionadas à produção de energia
celular, à inflamação e à autofagia (processo de reciclagem das células 'velhas'
danificadas). O suplemento de café ainda diminuiu o nível de neuroinflamação,
problema presente na maioria das doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.
Bioativo pode melhorar o processo de envelhecimento
cerebral
Os autores do artigo apontam a importância desse avanço:
"O nosso estudo fornece informações valiosas sobre o potencial terapêutico
da TG na melhoria do declínio cognitivo associado ao envelhecimento, destacando
sua capacidade de atingir a neuroinflamação, a função sináptica e a liberação
de neurotransmissores no hipocampo." "Portanto, a TG deve ser
considerada um potencial composto medicinal suplementar para melhorar o
envelhecimento cognitivo e disfunções do Sistema Nervoso Central] relacionadas
à neuroinflamação", afirmam os pesquisadores japoneses. Os próximos
passos, considerados estudos clínicos por serem realizados com humanos, serão
com idosos. A partir dos resultados será possível estimar a quantidade ideal de
ingestão do suplemento para se chegar à proteção do cérebro contra as
consequências do envelhecimento.
A trigonelina está presente nos grãos de café
A trigonelina é um biocomposto presente nos grãos de café.
Ele aparece em menor quantidade no café coado ou espresso. Quanto maior o grau
da torra do café, menor será a concentração da TG. E nesse processo, o composto
lcaloide se converte em ácido
nicotínico, que também tem uma possível capacidade neuroprotetora, mas ainda
sem resultados conclusivos.