26.04.2023 - 18:30 Por Daniela Abreu - imagens Júlia Passos
A Comissão de Assuntos da
Criança, do Adolescente e do Idoso, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio
de Janeiro (Alerj), realizou audiência pública nesta quarta-feira (26/04) para
debater as políticas para a pessoa idosa no Estado do Rio de Janeiro. Durante a
reunião, presidida pelo deputado Munir Neto (PSD), que está à frente da
Comissão, a promotora pública e coordenadora do Centro de Apoio Operacional das
Promotorias de Justiça e Proteção ao Idoso, Cristiane Branquinho Lucas, pontuou
que o Estado do Rio é o segundo do país em número de população idosa, ficando
atrás apenas do Rio Grande do Sul. Como agravante, a promotora observou que o
Rio de Janeiro é o terceiro mais populoso do Brasil, com Minas Gerais e São
Paulo estando à sua frente. “Quando pensamos também no quantitativo da população,
verificamos o tamanho do nosso estado, que é muito diminuto ao compararmos com
São Paulo e Minas. Nossa densidade demográfica é muito maior do que em outros
estados, o que aumenta nosso problema, porque temos muito mais idosos em
situação de risco e vulnerabilidade social e sabemos que a maior parte da
população é de pessoas que ganham em torno de um salário mínimo. Temos, ainda,
a problemática daqueles que estão entre 60 e 65 anos, que não têm sequer
direito ao BPC (Benefício de Prestação Continuada)”, enumerou Cristiane
Branquinho, que relatou ainda cerca de 600 notificações de violência, que
chegaram por meio de ouvidorias, com prevalência de casos de negligência, abuso
financeiro e violência psicológica. “É através do diálogo que construiremos e contribuiremos
para as políticas de defesa, promoção e bem-estar das pessoas idosas do nosso
Estado. Tenho certeza de que é o desejo de todos que, cada vez mais, essa faixa
da nossa sociedade, por vezes tão fragilizada, alcance políticas públicas
eficazes e rede de proteção adequada, que possibilite, não somente a melhoria
na sua qualidade de vida, mas também que seja garantida a cidadania e plenitude
de direitos que o estado deve garantir”, disse o deputado Munir Neto. O
parlamentar ressaltou que, na última segunda-feira (24/04), a Alerj aprovou uma
indicação legislativa de sua autoria prevendo a criação do Programa Patrulha da
Pessoa Idosa em todo o estado. “Essa medida foi aprovada e eu peço a ajuda do
Alexandre Isquierdo, secretário de Juventude e Envelhecimento Saudável, no
sentido de sensibilizar o governador Cláudio Castro para a sua implementação em
todo o Rio de Janeiro”, acrescentou Munir. Demandas da população. Presidente da
Federação dos Aposentados e Pensionistas do Estado do Rio de Janeiro, Iêda Gaspar
falou da necessidade de impressão do Estatuto do Idoso que é útil para a
população idosa carregar consigo e ter sempre à mão. A proposta foi acolhida
pelo presidente da Comissão da Alerj e pelo secretário Isquierdo, que vão
tratar da impressão e distribuição em parceria. Outra proposta sinalizada foi
investimento nos programas de atividades físicas para a pessoa idosa que,
segundo o deputado Munir Neto, já tem projeto em andamento na Secretaria
Estadual de Esporte e, de acordo com as propostas apresentadas pelo secretário
Isquierdo, também terão prioridade em sua pasta. Alexandre Isquierdo enumerou
os projetos da sua secretaria, como a implantação de sete Centros de Referência
e Atenção à Pessoa Idosa (Crapi) em diferentes regiões do estado; a criação de
um canal de denúncias de violência e maus-tratos ligado aos órgãos de justiça
tais como polícias civil, militar e guardas municipais; cursos de capacitação
para líderes e servidores quanto ao cuidado com o idoso; execução de políticas
sociais de educação, esporte e saúde; oferta de suporte jurídico; criação do
Plano Estadual da Pessoa Idosa, além de parcerias com o Ministério Público. “Queremos
realizar políticas públicas que cheguem à ponta, porque essa é uma premissa do
governador Cláudio Castro. Tudo que vier a ser realizado, que seja com
excelência e que funcione”, explicou o Isquierdo. Luciana Calaça, presidente da
Fundação Leão XII, usou a experiência de mais de 20 anos em acolhimentos para
idosos e crianças para pontuar a situação na sociedade. “Eu posso dizer com
muita propriedade que o idoso sempre fica em segundo plano. Eu costumo dizer
que quando pedimos uma lata de leite para uma criança chegam 100 e uma lata de
leite para um idoso, às vezes vem misturada até com areia”, contou, alertando
ainda para a falta de documentos básicos para alguns idosos, que têm sido
motivo de mobilizações por parte da Fundação. Projeto Piloto. O tenente-coronel
Luiz Henrique Barbosa é secretário de Ordem Pública, em Volta Redonda, e
implantou um programa especial no município. “Nós avançamos no projeto de
Segurança Pública, através da criação da Patrulha de Proteção ao Idoso, no
âmbito municipal. Isso é previsto no Artigo 46 do Estatuto do Idoso, que exista
interlocução entre União, estados e municípios nas políticas de atendimento aos
idosos”, disse o secretário, revelando ainda que o projeto conta com sala
especial de atendimento na delegacia do município e em 10 meses fez cerca de 90
atendimentos. Participaram também da audiência outros representantes do
Ministério Público do Estado do Rio, da Defensoria Pública, da Secretaria de
Estadual Intergeracional de Juventude e Envelhecimento Saudável, da Fundação
Leão XIII, além de convidados que atuam na promoção da saúde e direitos da
pessoa idosa de Volta Redonda e da sociedade civil organizada.